sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Quando o local que deveria ser sagrado se torna o pior lugar para se viver. - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHER


Reportagem interessante retirada do programa Conexão Repórter, retrata a realidade vivida de mulheres que são refém da violência dentro de suas próprias casas

Vale apenas conferir os vídeos

 

A delegacia de defesa da mulher, em São Paulo, registra 200 boletins de ocorrência por agressão todos os meses. E todos os dias, mulheres rompem o silêncio, vencem o medo e dão queixa das surras que levam de seus companheiros. Mas quem foi Maria da Penha? A farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes era espancada diariamente pelo marido, Marco Antônio Heredia Viveros, durante seis anos de casamento. Por duas vezes, ele tentou mata-la. Em 1983, na primeira tentativa, atirou nas costas da esposa deixando-a paraplégica. Ele ainda tentaria mais uma vez acabar com a vida da mulher por afogamento. O marido de Maria da Penha foi julgado 19 anos depois do crime e pegou dois anos de prisão. O caso foi parar na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA e ganhou repercussão mundial. Em 2006, ameaça ou agressão, a mulher virou lei no Brasil. Amparadas pela lei maria da penha, as vítimas de agressão tem instrumentos para denunciar os maus tratos.

Esta mulher foi casada durante dois anos. O sonho virou pesadelo. Viver sob ameaça constante. Dividir o teto com quem fere, maltrata, machuca. Histórias como destas mulheres. Elas estão sob proteção do estado, proteção para garantir a integridade física. Elas moram em um abrigo provisório, escondidas. Fugindo de seus maridos, seus algozes, seus agressores. A lei Maria da Penha que trata dos crimes de agressão contra a mulher, tem penas alternativas para réus primários. O agressor é obrigado a frequentar grupos de terapia. Contam suas historias e ouvem os relatos de outros agressores.

 

Wagner tem 33 anos. Por causa das agressões, a esposa não vive mais com ele. Ele lembra do primeiro dia que chegou ao grupo. Hoje, aprendendo a controlar seu temperamento, Wagner quer reescrever sua historia. Wagner hoje vive com o filho adolescente. E não quer mais reproduzir a violência que aprendeu com o pai. 

Centro de operações da polícia militar de São Paulo, Copom. Diariamente são 35 mil pedidos de ajuda. A maioria é briga de casais. O Conexão Repórter passa três dias acompanhando o trabalho dos atendentes. Cada telefonema representa um drama. Em média são 500 ligações por atendente. No outro lado da linha, o pedido de socorro é de Camila, uma jovem que está sendo agredida pelo ex-namorado. Somos autorizados a acompanhar o trabalho da Polícia Militar. A viatura segue em alta velocidade pelas ruas da cidade. O tempo é precioso, não se sabe ainda o estado de saúde da mulher que pediu ajuda. 

Centro de São Paulo, a viatura chega rapidamente. As pessoas se aglomeram e logo encontramos a vítima das agressões. Camila já está dentro de uma viatura e é atendida por outros policiais que chegaram antes. O rosto está machucado. Jackson, está algemado a poucos metros da ex-namorada. O agressor, é jovem, não está alcoolizado, tem emprego fixo. Camila diz que foi atraída a um encontro para pegar um dinheiro que o ex-namorado estaria devendo. Depois de uma discussão, começaram as agressões. Em meio aos socos e pontapés, a garota conseguiu chamar a polícia. Ela é levada para um hospital para tratar dos ferimentos. Jackson é levado para a 1ª Delegacia da Mulher. Mas o desejo de Camila não é atendido. A polícia ouve vítima e agressor, faz um boletim de ocorrência e em seguida todos são liberados. O inquérito passa agora à justiça. Se for condenado, caberá à Polícia Civil a parte mais difícil em um processo de violência doméstica, localizar e prender o rapaz acusado de bater na ex-namorada.

Um comentário:

Tércio Schelck disse...

Quem trabalha há muitos anos na área da violência doméstica,entre outras,sabe como é importante o papel da Comunicação Social na construção de novas respostas a este drama humano e social.

A violência doméstica precisa de ser assunto prioritário da agenda política de nosso País. E é a Comunicação Social que pode fazer a diferença, continuando a dar espaço na mídia a esse drama, dando voz a quem, por diversas vezes, não tem voz e nem a quem recorrer.

Entre a lei e a vida vai uma grande distância. E o que na lei parece perfeito não chega para evitar um rasto de morte, destruição e sofrimento que a violência doméstica continua a causar principalmente nas mulheres.


Enfim, fica aqui a nossa indignação contra esses que se acham ''valentões'', mas que na verdade,não passam de verdadeiros covardes. Torcemos para que nossos ''brilhantes'' governantes,olhem com mais carinho e maior preocupação para essa questão. Pois as mulheres representam para nós homens, muito mais que a simples figura da dona de casa. Mulheres são Mães, filhas, esposas e merecem ser tratadas com o maior respeito e valor possível, pois é das ''mulheres'' de onde todos nós fomos gerados. Basta de violência contra as mulheres ! Prisão perpétua para esses canalhas !